China tenta frear aumentos de preços
A China tem tentado frear os aumentos de preços das commodities liberando estoques de suas reservas estratégicas. Os preços mais elevados do petróleo carvão e metais aumentaram os custos de produção, desaceleraram o crescimento da atividade fabril e aumentaram a inflação no país, que é o maior consumidor de commodities do mundo. Todas as semanas, desde abril deste ano, as autoridades chinesas anunciaram medidas para controlar os preços de várias commodities, incluindo energia e metais. As medidas principais são os leilões de petróleo e carvão que fazem parte das reservas estratégicas mantidas pela china, cujos volumes são desconhecidos pelo mercado. Ninguém sabe exatamente quanto a China estocou secretamente ao longo dos últimos anos.
A China não divulga as reservas estratégicas de nada, incluindo petróleo bruto. Portanto, na maioria dos casos, os analistas fazem uma espécie de jogo de adivinhação partindo de estimativas, cálculos e conclusões baseadas em comportamentos anteriores para tentar medir os estoques chineses de commodities estratégicas como petróleo bruto, carvão, cobre, zinco e cobalto.
Saber quanto de petróleo bruto e metais a China pode ter estocado seria particularmente útil para analistas e traders do mercado de commodities. Alguns deles se arriscaram a fazer estimativas. De acordo com a consultoria Energy Aspects, a China deve ter 220 milhões de barris de petróleo bruto em sua reserva estratégica de petróleo (SPR), cobrindo 15 dias da demanda de petróleo do país. Já os estoques totais de petróleo, incluindo estoques comerciais, são suficientes para cobrir 60 dias da demanda chinesa por óleo. Este volume é inferior ao que recomenda a Agência Internacional de Energia (IEA), que exige que todos os membros mantenham um mínimo de 90 dias de reservas de petróleo. Porém, a China não é membro da AIE.
Para os metais, as reservas estratégicas chinesas são estimadas em 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas de cobre, 800 mil a 900 mil toneladas de alumínio e 250 mil a 400 mil toneladas de zinco. Acredita-se que a China também tenha cerca de 7 mil toneladas de cobalto, um metal importante usado na fabricação de baterias.
Dado que a China raramente relata quaisquer estoques de commodities, o mercado muitas vezes fica adivinhando como as importações chinesas de petróleo bruto – e importação de metais importantes, como cobre ou minério de ferro – se comportarão nos próximos meses.
No entanto, mais do que quanto de cada commodity a China detém, o mercado está observando como as autoridades chinesas têm administrado essas commodities em 2021 frente a uma alta nos preços das commodities.
A China tem aproveitado as reservas de carvão para evitar a escassez, já que os preços do carvão disparam com a oferta escassa. O aumento do preço do carvão está afetando o setor downstream e a economia real, de acordo com o órgão de planejamento estatal chinês.
A China também liberou supostamente mais de 20 milhões de barris de petróleo bruto de sua reserva estratégica em uma ação destinada a conter a recente alta do preço do petróleo. As importações de petróleo bruto da China começaram a esfriar com a alta dos preços. Agora, com o petróleo liberado da reserva estratégica, as importações chinesas podem enfraquecer ainda mais.
Além disso, a China tem liberado estoques de metais das reservas para reduzir os preços em alta que oneram os custos de manufatura.
Mas os analistas vêem essa tentativa de gerenciamento de preços de commodities como eficaz apenas no curto prazo, porque defendem que, fundamentalmente, os preços das matérias primas são impulsionados pela oferta e demanda globais, as quais as autoridades chinesas podem influenciar apenas indiretamente.
A China também está mostrando sinais de desaceleração na demanda por metais, o que pode derrubar os preços do cobre e do minério de ferro no resto do ano, após uma forte alta no primeiro semestre. O crescimento da atividade fabril chinesa desacelerou para o menor patamar em 15 meses no mês de julho e as importações de cobre e minério de ferro também estão desacelerando em meio à alta nos preços e às restrições planejadas pelo governo na produção de aço da China.
A demanda para a maioria das commodities na China deve desacelerar no segundo semestre de 2021, segundo relatório da Wood. “Espera-se que a economia da China desacelere no segundo semestre de 2021. O crescimento mais lento das exportações, o aumento dos preços das commodities, os investimentos em infraestrutura fracos e os subsídios irão reduzir o crescimento do PIB do país. Como resultado, devemos ver uma desaceleração da demanda por commodities na China”, afirmou o economista sênior do Wood Mackenzie, Yanting Zhou. (Com informações do Chinanews).
Fonte: Brasil Mineral