Desmatamento por mineração na Amazônia bate recorde em 2021; área devastada até agosto já supera todo o ano de 2020

Por Laís Modelli, G1


TI Munduruku, PA, está quase toda contaminada pelo mercúrio usado nos garimpos ilegais. Atividade desmata floresta e deixa crateras nos rios. — Foto: Marcos Amend/Greenpeace

TI Munduruku, PA, está quase toda contaminada pelo mercúrio usado nos garimpos ilegais. Atividade desmata floresta e deixa crateras nos rios. — Foto: Marcos Amend/Greenpeace

O desmatamento causado por mineração na floresta amazônica no período analisado também é o maior em toda a série histórica do Deter/Inpe, iniciada em 2015:

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  • 2021: 102,42 km²
  • 2020: 80,49 km²
  • 2019: 86,51 km²
  • 2018: 65,24 km²
  • 2017: 39,6 km²
  • 2016: 32,73 km²

Os dados do Inpe não fazem menção ao “garimpo” – extração de minérios predatória e ilegal, geralmente relacionada ao ouro e não à indústria – nem diferenciam a mineração legal (que tem autorização da Agencia Nacional de Mineração) da ilegal.

Dados reunidos pelo Instituto Socioambiental (ISA) alertam para crescimento do garimpo na região: os alertas de desmatamento causado por garimpo aumentaram 16% dentro de áreas protegidas da Amazônia entre agosto de 2020 e 2021. Fora dessas áreas, o aumento no período foi de 26%.

TI Sai Cinza, no Pará, tem sido uma das mais desmatadas por garimpo na Amazônia nos últimos anos. — Foto: Marcos Amend/Greenpeace

TI Sai Cinza, no Pará, tem sido uma das mais desmatadas por garimpo na Amazônia nos últimos anos. — Foto: Marcos Amend/Greenpeace

Para Antônio Oviedo, cientista ambiental e pesquisador do ISA, os fatores que explicam o aumento do garimpo são uma combinação entre falta de fiscalização do governo e os projetos de lei em discussão no Congresso que visam acabar com demarcação de terra indígena e liberar de mineração nesses território, como o PL 490 e o PL 191.

“A grande maioria dos alertas de garimpo está nas terras indígenas (22%) e unidades de Conservação (53%), e a fiscalização não está atuando ali. O aumento também é decorrente da expectativa de que o projeto de lei que visa abrir as TIs para a mineração seja aprovado, e aí esses criminosos apostam na política do fato consumado, ou seja, já estão lá explorando e acham que com a aprovação da lei eles serão legalizados”, diz Oviedo.

O cientista ambiental alerta que o desmatamento por mineração e garimpo nos próximos meses deverão aumentar até o final do ano, uma vez que entramos no principal período que ocorrem os desmatamentos e incêndios na Amazônia.

“A partir de agosto, as chuvas diminuem e isso facilita as atividades de desmatamento e garimpo nas margens dos rios. a tendência é que esta degradação aumente ao longo dos próximos meses, entre (setembro a novembro”, alerta Oviedo.

O G1 procurou o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pedindo dados sobre fiscalização e aplicação de multas relacionadas ao garimpo e mineração legal e ilegal na Amazônia. Nenhum retornou o contato.

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Maio de 2021 foi o mês em que a mineração mais desmatou a Amazônia em toda a série histórica do Deter/Inpe, com 37,94 km² de desmatamento em um único mês. Na sequência aparece maio de 2019, com 34,47 km² devastados pela atividade.

Garimpeiros invadiram aldeia na TI Munduruku e queimaram casas de indígenas contra o garimpo no local, em 26 de maio. — Foto: Coletivo de audiovisual do povo Munduruku

Garimpeiros invadiram aldeia na TI Munduruku e queimaram casas de indígenas contra o garimpo no local, em 26 de maio. — Foto: Coletivo de audiovisual do povo Munduruku

As aldeias foram cercadas e uma estrada foi interditada, impedindo o andamento da operação, que durou apenas dois dias. No mesmo dia em que os policiais federais interromperam a operação, os garimpeiros invadiram e incendiaram uma aldeia.

O município de Jacareacanga, aliás, é o segundo mais desmatado por mineração no Brasil este ano, com 17,92 km². Em primeiro lugar está Itaituba, com 44,26 km². Ambos ficam no Pará e estão distantes cerca de 300 km.

Fonte: G1

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