Margem equatorial concentra metade do investimento previsto para poços de petróleo no país, diz ANP

Margem equatorial concentra metade do investimento previsto para poços de petróleo no país, diz ANP

Agência defende destravar atividade em região que é alvo de embate entre áreas ambiental e energética

COMPARTILHAMENTO ESPECIAL

vila-rica-parceiro
vila-rica-parceiro
previous arrow
next arrow

ASSINE ou FAÇA LOGIN

2

Ouvir o texto

Nicola Pamplona

RIO DE JANEIRO

Foco de embate entre as áreas ambiental e energética do governo federal, as bacias da margem equatorial concentram mais de metade do investimento e um terço dos poços para exploração de petróleo no mar previstos até 2027 no país, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

A agência defende que, diante do “enorme potencial” da região, o governo precisa destravar os licenciamentos ambientais, que já emperram a busca por petróleo não só no litoral do Amapá, onde está o poço que a Petrobras tenta liberar, mas também no Maranhão.

“O pré-sal atingirá o pico antes de 2030 e haverá declínio significativo da produção brasileira se não houver novas descobertas”, disse o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, em seminário realizada na quarta-feira (19).

Considerada a principal aposta de renovação das reservas brasileiras de petróleo, a margem equatorial compreende cinco bacias petrolíferas que vão do Rio Grande do Norte à fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Ali, estão 41 dos 295 blocos exploratórios sob contrato hoje no país.

Foz do rio Amazonas – Victor Moriyama/Greenpeace

Nove deles estão na bacia da Foz do Amazonas, incluindo o bloco 59, cujo projeto de perfuração teve licença negada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) em maio. Outros 18 estão na bacia de Barreirinhas, no litoral maranhense.

Destes, diz a ANP, 14 estão com contratos suspensos a pedido dos concessionários por questões associadas ao licenciamento ambiental. Em sete, já foram encontrados indícios de petróleo e estão em fase de avaliação de descoberta, que demanda a perfuração de novos poços.

“Isso sinaliza a necessidade de vencermos esses entraves associados a questões ambientais, de tal forma que a gente consiga avançar na exploração da margem”, disse Edson Montez, da superintendência de Exploração da ANP.

A agência diz que há 11 projetos de perfuração na margem equatorial, oito deles na Foz do Amazonas e três na bacia Potiguar, incluindo descoberta da Petrobras batizada como Pitu, que também é alvo de pedido de licença para um novo poço.

Ao todo, projeta a ANP, esses projetos podem gerar investimentos de R$ 11 bilhões. É mais da metade dos R$ 20,5 bilhões previstos em perfuração de poços petrolíferos em todo o país no período.

O Ibama não deve dificultar a liberação dos poços na bacia Potiguar, que já tem atividade de petróleo. Mas tende a reforçar entendimento do MMA (Ministério de Minas e Energia) sobre a necessidade de uma AAAS (avaliação ambiental de área sedimentar) antes de liberar os poços na Foz do Amazonas.

A Petrobras pediu reconsideração ao Ibama e defende que decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) do início de julho elimina a necessidade da avaliação. A estatal defende que a concessão do bloco 59 foi respaldada por manifestação conjunta do MMA e do MME (Ministério de Minas e Energia).

2 9

Foz do Amazonas: entenda a disputa pela exploração de petróleo na região

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) negou o pedido, afirmando que a região da foz é de extrema

LEIA MAIS

Copiar link

“Nosso entendimento é muito simples: isso [a AAAS] não pode ser impedimento”, disse o diretor de Exploração e Produção da empresa, Joelson Falcão, em café da manhã com jornalistas na quarta-feira.

A posição é respaldada pelo MME e a empresa força o governo a acionar a AGU (Advocacia Geral da União) para mediar o conflito, argumentando que a decisão pela exploração de petróleo naquela área é “questão de Estado”.

“É importante ficar claro que, tecnicamente, a margem equatorial é a última grande fronteira exploratória brasileira. É algo que pode mudar o jogo”, defendeu Falcão. A ANP estima que a região pode conter 16 bilhões de barris de petróleo, volume maior do que os 14,4 bilhões que o país tem atualmente.

“Pode demorar a licença, mas ela virá”, afirmou nesta quarta o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. A empresa separou US$ 3 bilhões em seu orçamento com expectativa de perfurar, nos próximos cinco anos, 16 poços nessa região.

Para o bloco 59, já havia mobilizado em 2022 a estrutura para um teste de perfuração, que foi desmobilizada em maio após a negativa da licença. Falcão diz que a estatal já tem a estrutura contratada para perfurar em Pitu e aguarda apenas o aval do Ibama.

Fonte: Folha de São Paulo

COMPARTILHE

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn