A geologia do Rio Amazonas

A geologia do Rio Amazonas

A bacia hidrográfica do Rio Amazonas, com cerca de 6 milhões de km² no norte da América do Sul, tem nascentes nos Andes peruanos e atravessa todo o continente para desaguar no Atlântico Equatorial. É limitada a oeste pela Cordilheira dos Andes, a norte pelo Planalto das Guianas, a sul pelo Planalto Central e a leste pelo Oceano Atlântico. A mais provável (principal) nascente do Rio Amazonas está localizada entre os montes andinos Mismi e Kcahuich, com o nome de Apurimac (imagem acima). Situa-se entre as cidades de Arequipa e Cusco, no sul do Peru, em rochas andesíticas do Plioceno, pertencentes ao Grupo Barroso. Antes de chegar ao Brasil, no entanto, o curso d’água recebe diversas denominações: Vilcanota, Ucayali, Urubamba e Marañón. No Brasil, suas águas ainda passam pelo Rio Solimões para, finalmente, continuar como Rio Amazonas. Da nascente à foz são cerca de 7 mil km de extensão, com uma largura média de 4 a 5 km. Movimenta um quinto das águas fluviais do planeta transportando para o mar, a cada mês, algo como um Pão de Açúcar inteiro de sedimentos. Simplificadamente, pode-se dizer que antigas bacias hidrográficas podem ter sido unidas pela erosão dos Andes e formado estes cursos d’água, mas esta história começa no final do Paleozóico e início do Mesozóico, com a Orogênese Gondwanide que provocou forte atividade plutônica. Em consequência, esforços compressionais causaram fraturamentos e soerguimentos no embasamento. Ainda no Mesozóico ocorreu intenso magmatismo básico com enxame de diques de diabásio. Após a ruptura do Gondwana, a placa tectônica Sul-Americana se movimentou para o oeste colidindo com a placa Nazca e elevando os Andes. Na fase logo anterior à formação dos Andes, o início propriamente dito da bacia hidrográfica do Amazonas pode ser explicado por duas teorias. Na primeira, fósseis de peixes indicam que há 2,5 milhões de anos um esboço do Rio Amazonas corria para oeste e desaguava em uma área hoje árida do Caribe. Na segunda, há 24 milhões de anos, havia um divisor de águas em relevos menos expressivos que o andino. À oeste deste divisor, eram formados lagos e pântanos e, à leste, as águas fluíam para a foz atual do Amazonas. Então, há cerca de 10 milhões de anos como consequência do soerguimento dos Andes, a sedimentação teria definido a drenagem da região produzindo declives adequados até alcançar a conformação atual da bacia hidrográfica. Nesta roteiro, importante também é o papel da tectônica, condicionando por falhamentos os cursos através da combinação de formações de grábens com processos de sedimentação. Por exemplo, o Rio Negro, o maior afluente do Amazonas na margem esquerda, corre em uma zona de falha normal que se estende por cerca de 70 km em linha reta, controlando ambas as margens. A ação das falhas geológicas causa, direta ou indiretamente, alterações significativas na paisagem e na dinâmica fluvial destes rios. É o caso das migrações do Rio Solimões (ou seja, o trecho superior do Rio Amazonas, no Brasil), com criação e destruição de bancos de areia, desmoronamento de margens e abandono de leitos. Também é o caso do vale onde corre o Rio Ariaú, que já foi antigo leito do Rio Negro. As falhas também afetaram o encontro das águas, entre os rios Negro e Solimões. Este encontro, que acontece por razões geológicas, climáticas, termais e da própria acidez das águas, já esteve cerca de 50 km à jusante da atual posição. Também se sabe que antes de criar o lago de Coari, o Rio Solimões corria 5 km mais a norte, posicionamento provocado pela falha transcorrente Coari-Codajás-Anamã. Outra alteração importante aconteceu no século XVI. O Rio Amazonas era conhecido pelos europeus como Rio Marañón, que é o nome ainda é usado no trecho peruano. Em uma expedição de 1542 comandada pelo espanhol Francisco Orellana (1510-1546), os europeus foram atacados por um grupo de guerreiras brasileiras, chamadas Icamiabas, lideradas por mulheres. O frei espanhol Gaspar de Carvajal (1504-1584), que fazia parte da expedição, as descreveu como mulheres altas, musculosas, de pele clara e cabelos compridos negros. Seus costumes faziam lembrar as lendárias amazonas da mitologia grega. A partir de então os europeus passaram a usar o nome Amazonas para se referir ao rio brasileiro.
(Crédito da imagem: portalamazonia – fonte1 – fonte2 – fonte3 – fonte4 – fonte5 – fonte6 – fonte7)

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Fonte: noticiasgeo.com.br

 

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