Após 500 anos sem chuva, água mata vida no Deserto do Atacama

Após 500 anos sem chuva, água mata vida no Deserto do Atacama

November 20, 2018

Geologou

No planeta Terra, não há vida sem água, mas para micróbios adaptados a viverem em condições extremas áridas, ter água repentinamente excessiva pode ser mortal. Esta é a conclusão de um novo estudo publicado na Scientifc Reports

Foi o que aconteceu no deserto do Atacama, Chile em 25 de março e 9 de agosto de 2015, e novamente em 7 de junho de 2017. Não houve evidências de chuva nesta região nos últimos 500 anos, embora relatórios do clima sugerem que isso deve ocorrer a cada século.

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Os cientistas esperavam como consequência ver a vida florescer no deserto, mas está acontecendo exatamente o oposto. A chuva que tem ocorrido recentemente no deserto do Atacama tem devastado diversas espécies microbianas

Mesmo com a escassez de água no Deserto não quer dizer que não há vida. O solo é rico em sais, nitratos e sulfatos, e contém poucos compostos orgânicos o que é propicio para conter pequenos tipos de vida.

“A repentina e maciça entrada da chuva em regiões que permaneceram hiperáridas por milhões de anos é prejudicial para a maioria das espécies microbianas do solo da superfície, que são muito adaptadas para sobreviver com escassas quantidade de água líquida, e rapidamente sofrem um choque osmótico quando a água se torna subitamente abundante”, escreveram os autores no estudo.

As chuvas sem precedentes, dizem os autores, são o resultado da mudança das condições climáticas no Oceano Pacífico. Uma extensa “massa de nuvens” proveniente do Oceano Pacífico chegou ao deserto — um “fenômeno sem precedentes”, dizem os pesquisadores, que ocorreu duas vezes em três anos.

A precipitação resultou em uma extinção generalizada de espécies microbiais nativas. A taxa da extinção local, segundo o novo estudo, alcançou em até 85% nos lugares mais atingidos. Organismos extremófilos, acostumados a condições áridas, eram incapazes de lidar com o influxo de água.

Trata-se de uma má notícia para o Atacama, mas o estudo também pode representar algo negativo para a vida em Marte.

Cientistas acreditam que o planeta vermelho teve muita água em sua superfície entre 4,5 bilhões e 3,5 bilhões de anos atrás. Mas depois de perder sua atmosfera e ficar seco, provavelmente passou por períodos úmidos há 3,5 a 3 bilhões de anos.

“Se ainda houvesse comunidades microbianas resistentes ao processo de secagem extrema em Marte, elas teriam sido submetidas a processos de estresse osmótico semelhantes aos que estudamos no Atacama”, explicou Fairén.

Ou seja, o reaparecimento da água poderia ter destruído a vida em Marte, se alguma vez realmente esteve lá. E isso pode representar um quadro totalmente diferente do que especialistas sabem sobre a vida no Sistema Solar.

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