Crise hídrica
Estamos vivendo um regime hidrológico crítico que está provocando escassez de água para as regiões Centro-Oeste e Sudeste. É a pior crise nos últimos noventa e um anos, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS. Esse regime, considerado crise hídrica, influência diretamente no setor produtivo e nos fatores sociais. E se não for bem administrado provocará também uma crise energética, fazendo com que haja racionamento de energia e apagões.
A média anual de chuvas está diminuindo nos últimos vinte anos, porém a falta de água não se deve restringir somente à diminuição das chuvas, mas também ao uso do solo, aos desmatamentos, aumento da demanda, o desperdício e à falta de um programa para o uso racional da água e combate ao desperdício.
O setor elétrico que sempre foi estudioso em previsão de valores extremos de vazões recomenda que para os estudos de geração de energia hidráulica deve-se considerar como crítico o ano de 1931 e o período de junho de 1949 a novembro de 1956.
Relacionando a escassez hídrica com a geração de energia temos vários aparelhos domésticos que consomem muita energia, por exemplo, o ar condicionado e o chuveiro. O chuveiro além de contribuir para o aumento do consumo de água e eletricidade contribui também para aumentar o custo de todo o sistema elétrico, compreendendo a geração, transmissão e distribuição de energia, pois cada chuveiro instalado representa um custo de dois mil dólares investido no sistema, podendo ser considerado o vilão do consumo em uma residência, principalmente em famílias de baixo poder aquisitivo.
O setor produtivo deve tratar a questão da água como uma questão estratégica, operacional e de segurança econômica, devendo ser administrada no intuito de reduzir riscos de paralisação de produção.
Um programa para o uso racional da água deve visar o reuso, a utilização da água da chuva e a eficiência dos equipamentos domésticos e industriais, como: válvulas de descargas, chuveiros, sistema de irrigação e hidrômetros inteligentes que controlem o consumo necessário. Infelizmente ainda estamos lavando calçadas e veículos e dando descarga nos vasos sanitários com água tratada.
Marcos Antônio Correntino da Cunha
Engenheiro Eletricista especialista em Hidrologia e Recursos Hídricos.