ENTREVISTA-Anglo American aposta na América do Sul para impulsionar área de metais básicos

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO, 10 Jan (Reuters) – A Anglo American
aposta na América do Sul para diversificar geograficamente seus
negócios, com importantes ativos de cobre no Chile e Peru, além
de boas perspectivas no Brasil, afirmou à Reuters o futuro
diretor global da mineradora para metais básicos.
Ruben Fernandes, que atualmente é presidente da Anglo no
Brasil, assumirá a promissora divisão de metais básicos a partir
de março, onde planeja continuar uma jornada por eficiência
operacional e guiar a empresa para a tão esperada revolução dos
carros elétricos.
“O grande foco é América do Sul, não tenha dúvida, inclusive
o Brasil no futuro”, afirmou Fernandes, em uma entrevista por
telefone.
O executivo destacou que se espera um crescimento da demanda
por cobre, importante metal para a estrutura dos carros
elétricos, que deverão cada vez mais substituir veículos movidos
a combustíveis fósseis, segundo apostas do mercado.
A empresa, que já tem ativos importantes de cobre no Chile,
se prepara para iniciar a produção da commodity em sua mina
Quellaveco no Peru em 2022, com produção prevista de 300 mil
toneladas equivalentes por ano.
Com vida útil esperada de 30 anos, a Quellaveco oferece
potencial de expansão que, em combinação com outras
oportunidades de crescimento orgânico, coloca a Anglo American
no caminho de produzir mais de 1 milhão de toneladas de cobre
por ano no médio prazo, segundo a empresa.
“A Anglo já é muito forte na África do Sul, na Austrália
(com outros minerais), então a América do Sul é uma
diversificação geográfica importante. No Chile já somos muito
fortes em cobre, no Peru com esse novo projeto vamos ser, quem
sabe no Brasil no futuro vamos ser também”, disse Fernandes.
No Brasil, a empresa obteve centenas de autorizações para
prospecção de cobre em uma região remota ao norte do Brasil, nos
Estados de Mato Grosso e Pará, conforme revelou a Reuters em
meados do ano passado.
“(O cobre no Brasil) é promissor, mas a gente precisa
avançar ao longo de 2019 com bastante programa de sondagem para
poder ter certeza de que a gente tem um grande depósito nas
mãos”, ponderou Fernandes, explicando que durante este ano a
empresa vai realizar perfurações para comprovar viabilidade
técnica e comercial.
Fernandes destacou que um projeto de mineração demora anos
até que entre em operação, considerando tempo de exploração,
engenharia, análise ambiental, dentre outras etapas.
Fernandes deixa o Brasil após solucionar uma importante
crise com a paralisação de meses do mineroduto do sistema
Minas-Rio, que transporta seu minério de ferro por mais de 500
quilômetros de Minas Gerais até um porto no Rio de Janeiro, após
vazamentos.
As operações foram retomadas em dezembro, e a empresa também
obteve licença para expandir o Minas-Rio para a capacidade
nominal de 26,5 milhões de toneladas, o que deve acontecer até o
fim de 2020.
“O grande objetivo era deixar o Minas-Rio pronto para chegar
na capacidade nominal de 26,5 milhões de toneladas. Resolver o
problema do mineroduto, que foi uma coisa que a gente não
esperava que acontecesse, mas aconteceu, para deixar toda a
empresa, todo o negócio bem estruturado, bem robusto”, afirmou.
O executivo destacou que o sistema Minas-Rio tem um minério
de boa qualidade, em um momento em que a China tem pago prêmios
pela commodity com menos contaminantes, enquanto busca reduzir a
poluição atmosférica do país.
Para este ano, a expectativa é que o Minas-Rio produza entre
18 milhões e 20 milhões de toneladas.
Com a saída de Fernandes, Wilfred Bruijn será novo
presidente no Brasil.

(Por Marta Nogueira
Edição de José Roberto Gomes)
((marta.nogueira@thomsonreuters.com; twitter: https://twitter.com/ReutersBrasil;
+55 21 2223 7104; Reuters Messaging:
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