MINERAÇÃO PARADA É ‘TRAGÉDIA ECONÔMICA’, SEGUNDO FIEMG

MINERAÇÃO PARADA É ‘TRAGÉDIA ECONÔMICA’, SEGUNDO FIEMG

Presidente da entidade diz que interdições de complexos minerários vão reduzir produção de riquezas no estado e provocar fechamento de 850 mil postos de trabalho em oito meses

O impacto econômico da paralisação de parte da atividade minerária deve levar Minas Gerais a registrar Produto Interno Bruto (PIB) negativo este ano. Levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que mede efeitos diretos e indiretos dos rompimentos das barragens da Samarco e da Vale, aponta queda na produção das riquezas no estado de 3,3% para -4,0%, se considerado o cenário atual de interdições de complexos minerários. O levantamento também aponta fechamento de 851 mil postos de trabalho, num horizonte de seis a oito meses.

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“Estamos falando de uma tragédia econômica de grandes proporções, de multiplicar o efeito social de Brumadinho por mais de mil”, afirma o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe. Em fevereiro, a entidade havia estimado que o PIB ficaria em 1,65%, mas sem considerar o efeito na cadeia produtiva. “A siderurgia está a um passo de parar e, com isso, vai parar a metalurgia, fábricas de peças, automotores, linha branca”, completa.

A partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Fundação João Pinheiro (FJP), o levantamento calculou as perdas vinculadas às atividades do setor minerário e seus reflexos na cadeia produtiva após as paralisações depois do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, – que matou 209 pessoas e ainda deixa 97 desaparecidos –, e da Samarco – que, em novembro de 2015, matou 19 pessoas e é considerada a maior tragédia ambiental do país.

Para Roscoe, não se trata de relativizar as perdas humanas. “Não podemos fazer nada por aqueles 300 que morreram, tenho que fazer com os que estão vivos e para que isso não aconteça novamente, obviamente. A nossa preocupação é por que vou destruir mais tecido econômico, gerar mais drama social por algo que não é necessário, apenas porque o clamor da rua pede isso”, diz.

A entidade entende que há minas paradas sem necessidade, como o caso de Brucutu, também da Vale, em São Gonçalo do Rio Abaixo, na Região Central. A Justiça autorizou ontem a retomada das atividades do complexo, um dos maiores do mundo. A defesa da Fiemg é para que unidades interditadas que não tenham barragem a montante possam retomar a produção.

O estudo analisa três cenários – o pessimista, o otimista e o cenário atual, sendo que todos projetam queda no PIB. O quadro atual considera queda de produção de minério de 90 milhões, anunciada pela mineradora, suspensão por dois anos da Mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo, que teve a liberação ontem pela Justiça, além da paralisação da mineradora Samarco até 2021. Nesse cenário, a queda de produção dos demais setores é de 14%.

A estimativa é de queda de R$ 92,6 bilhões no faturamento de toda a cadeia produtiva vinculada à atividade minerária. A arrecadação direta do estado diminuiria em R$ 4,3 bilhões. Hoje, o governo de Romeu Zema (Novo) afirma que o défict dos cofres públicos estaduais chega a R$ 30 bilhões. A Fiemg prevê redução do PIB do estado em 7,3 pontos percentuais, passando dos 3,3%, projetados em dezembro, para -4,0%.

O estudo também indica fechamento, de seis a oito meses, de 851,2 mil postos de trabalho, no panorama atual, sendo 104 mil empregos no setor de extração minerária. Num cenário pessimista, esse número poderia chegar a 1,48 milhão. Segundo o IBGE, no quarto trimestre de 2018, havia 1 milhão de pessoas com mais de 14 anos desocupadas em Minas. O levantamento, da Gerência de Estudos Econômicos da entidade, projeta que 22,25% dos empregos perdidos serão no setor de comércio, o mais afetado nesse aspecto. O setor de extração de minério de ferro corresponde à parcela de 13,89% da redução. A área de transporte e armazenamento aparece logo depois, com 11,32% das vagas fechadas.

De acordo com o estudo, o setor de transporte será o mais impactado economicamente, com queda de 1,474 bilhão na produção, seguido do comércio, com redução de R$ 1,416 bilhão. Em terceiro lugar estão as atividades imobiliárias, com queda de R$ 871 milhões.

Fonte: Estado de Minas/ADIMB

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