Mineração responde por 77% do superávit comercial brasileiro no 1º trimestre

Mineração responde por 77% do superávit comercial brasileiro no 1º trimestre

A China manteve sua posição como principal destino das exportações minerais brasileiras, respondendo por 68,3% do volume total embarcado

por Fernando Moreira de Souza

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Mesmo diante da queda nas exportações de minérios, a mineração brasileira foi responsável por 77% do saldo da balança comercial do país no primeiro trimestre de 2025. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (6), pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o setor acumulou superávit de US$ 7,68 bilhões entre janeiro e março, o que representa um impacto expressivo diante do total da balança comercial do período, de US$ 9,98 bilhões.

Esse desempenho reforça o papel estratégico da atividade mineral na economia nacional. Em comparação, no ano de 2024, a participação havia sido de 47%. A contribuição positiva ocorreu apesar da retração de 13% nas exportações em valores monetários, influenciada principalmente pela queda dos preços internacionais do minério de ferro, principal produto mineral exportado pelo Brasil.

Durante o primeiro trimestre, o Brasil exportou cerca de 87,7 milhões de toneladas de produtos minerais, um crescimento leve de 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, houve recuo de 14,3% no valor em dólares, que somou US$ 9,3 bilhões. A principal queda foi registrada nas exportações de minério de ferro, com redução de 26,2% em valor (US$ 5,96 bilhões), ainda que o volume exportado tenha subido 0,8%, atingindo 84,8 milhões de toneladas.

Por outro lado, alguns segmentos apresentaram avanços significativos. As vendas externas de ouro cresceram 54,5% em dólares (US$ 1,24 bilhão) e 16,7% em peso. O cobre também teve alta relevante, de 27,1%, totalizando US$ 957,4 milhões. Em contrapartida, a bauxita registrou queda de 25,3% em valor, ficando em US$ 45,6 milhões. Um destaque do período foi o salto de 292% nas exportações de manganês, com 256,1 mil toneladas comercializadas.

A China manteve sua posição como principal destino das exportações minerais brasileiras, respondendo por 68,3% do volume total embarcado. No mesmo período, as importações minerais somaram US$ 1,6 bilhão, uma queda de 17,1% em valor e de 6,3% em volume, com 8,75 milhões de toneladas. Os principais fornecedores foram Estados Unidos, Rússia, Austrália e Canadá. Produtos como carvão, zinco e rocha fosfática tiveram forte retração nas importações, enquanto o enxofre e pedras de revestimento registraram altas expressivas.

Receita, empregos e projeções de crescimento

O faturamento do setor mineral alcançou R$ 73,8 bilhões no primeiro trimestre, representando um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período de 2024. O minério de ferro respondeu por 53% desse total, gerando R$ 38,8 bilhões, valor 12% inferior ao do ano anterior. Entre os estados, Minas Gerais liderou a arrecadação com R$ 29,8 bilhões (40% do total), seguida por Pará (R$ 24,5 bilhões) e Bahia (R$ 4 bilhões), que teve o maior crescimento percentual: 61%.

Outros destaques foram o segmento de ouro, cujo faturamento dobrou, passando de R$ 4,6 bilhões para R$ 9,3 bilhões, e o cobre, que subiu 68%, alcançando R$ 8 bilhões. A arrecadação de tributos pelo setor mineral subiu cerca de 8%, totalizando R$ 25,5 bilhões, enquanto a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) somou R$ 2 bilhões, sendo Minas Gerais e Pará responsáveis por 83% do total. A mineração empregava, até março, 223 mil trabalhadores diretamente, com a criação de mais de 2 mil novos postos de trabalho.

Segundo o presidente do IBRAM, Raul Jungmann, as perspectivas para o setor são promissoras, principalmente devido à crescente demanda global por minerais estratégicos. Esses recursos são essenciais para áreas como transição energética, descarbonização, tecnologias emergentes e defesa. Ainda que a guerra tarifária entre grandes economias cause apreensão, ela não afetou diretamente o setor mineral brasileiro até o momento. “Essa disputa tende a desacelerar o comércio internacional, especialmente considerando que China e Estados Unidos respondem por 45% do fluxo global”, afirmou Jungmann.

A previsão é de que até 2029 o setor mineral brasileiro receba investimentos de US$ 68,4 bilhões, com foco em projetos de minério de ferro (28,7%), iniciativas socioambientais (16,6%) e infraestrutura logística (15,9%). Os estados que devem concentrar a maior parte dos aportes são Minas Gerais (24,1%), Pará (19,7%) e Bahia (13,2%).

Ferramenta interativa destaca potencial mineral do país

Durante a coletiva, também foi apresentada a ferramenta MAPA IBRAM®️, https://ibram.org.br/mapa-ibram/, que organiza informações georreferenciadas sobre projetos de mineração em diferentes fases. Disponível na plataforma Google MyMaps®️, a solução oferece dados estratégicos sobre operações em andamento e em desenvolvimento, nas áreas de minerais críticos, fertilizantes, ouro, ferro, entre outros.

Fonte: Minera Brasil

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