Mitos e Verdades sobre os “Corais da Foz do Amazonas”

Mitos e Verdades sobre os “Corais da Foz do Amazonas”

• Agosto de 2018 •

Conferência: Mitos e Verdades sobre os “Corais da Foz do Amazonas” •

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At: 49 Congresso Brasileiro de Geologia, 20 a 24 de agosto de 2018, Rio de Janeiro, Brasil •

Alberto G. Figueiredo Jr.

A plataforma continental do Amazonas iniciou a deposição de sedimentos marinhos com a abertura do Atlântico Equatorial no Paleoceno, por volta de 65 milhões de anos. Um mar raso, sobre uma extensa plataforma e ainda sem a influência da pluma de sedimentos do Rio Amazonas, proporcionou o ambiente ideal para o desenvolvimento de uma plataforma carbonática. Esta plataforma se desenvolveu ao longo de 60 milhões de anos, atingindo uma espessura máxima de 2.500m. Posteriormente, com o soerguimento dos Andes, no lado Oeste da América do Sul, e o rebaixamento do Arco de Purus na Bacia Amazônica, por volta de 8 milhões de anos, forçou o fluxo do rio no sentido do Atlântico. A sedimentação siliciclástica oriunda desta versão cobriu a plataforma carbonática atingindo espessuras de até 2.000m próximo à foz do rio e assim inibindo a continuidade da deposição carbonática. Variações do nível do mar fizeram com que o sedimento siliciclástico, que além de cobrir a plataforma carbonática, parte dele fosse dirigida através de cânions para oceano profundo, dando início à formação do leque submarino do Amazonas. Bem mais tarde, por volta de 18 mil anos, ao final do último máximo glacial, o nível do mar caiu cerca de 120m abaixo do atual, deixando a borda da plataforma continental do Amazonas em águas rasas e exposta até em alguns pontos. Neste momento, o fluxo sedimentar do Rio Amazonas estava totalmente direcionado ao cânion homônimo, e o sedimento siliciclástico mais uma vez foi direcionado ao leque submarino. Na borda de plataforma, ao norte do cânion, foi iniciado o desenvolvimento de recifes carbonáticos de borda de plataforma. Na medida em que ocorreu a elevação do nível do mar durante o início do Holoceno, cerca de 11 mil anos, os recifes carbonáticos se desenvolveram verticalmente, em uma tentativa de acompanhar esta subida de nível de base, sendo finalmente “afogados”. Atualmente estes recifes têm uma profundidade entre 80 e 120m e são basicamente constituídos por algas calcárias, em sua maioria morta, além de esponjas. Dados de sedimentos carbonáticos superficiais indicam idades entre 14 e 20 mil anos. Nesta região, o ambiente é lamoso e, portanto, não é favorável à deposição carbonática. A falta de conhecimento científico tem propalado a visão da existência de “recifes coralinos” vivos na foz do Amazonas, induzindo leigos a uma falsa campanha de preservação. Na verdade, não são observados corais e algas calcárias vivas, nas áreas onde estão os blocos exploratórios de petróleo. Nestas áreas ocorrem apenas recifes mortos e parcialmente soterrados, não estando localizados na foz do Rio Amazonas, mas sim na borda da plataforma, a pelo menos 300km da desembocadura. Este trabalho visa contribuir para o esclarecimento da comunidade científica, bem como da população em geral, sobre a inexistência de impactos ambientais a esta suposta comunidade bentônica, cientificamente embasada em estudos geológicos e oceanográficos. Pretende-se, desta forma, elevar esta discussão a um patamar científico, apolítico, sem paixões e isento de interesses econômicos, permitindo que o desenvolvimento desta região remota brasileira possa ocorrer de forma sustentável e pungente.

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