OURO EM ALTA PUXA PRODUÇÃO NO PAÍS

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OURO EM ALTA PUXA PRODUÇÃO NO PAÍS

Metal atinge cotação recorde e exportação brasileira cresce 32,5% em dólares

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Mineradoras que produzem ouro estão desfrutando de um momento de bonança durante a pandemia por causa da disparada dos preços do metal. A onça do ouro começou o ano cotada em Nova York a US$ 1.528,90 e desde terça-feira (4) está acima dos R$ 2.000. Ontem, fechou a US$ 2.063,10.

O metal extraído de minas pelo mundo serve de insumo para a produção de barras que lastreiam investimentos e também é matéria-prima da indústria joalheira.

O ouro é o segundo item da pauta de exportações minerais do Brasil, atrás do minério de ferro. No segundo trimestre, o país exportou US$ 1,1 bilhão em ouro, 32,5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

As empresas que operam no país aproveitam não apenas da alta dos preços, mas também do câmbio favorável para exportação. E o resultado é um reforço do caixa e a possibilidade de exploração de áreas de reservas que até então não eram economicamente viáveis.

Uma das maiores mineradoras de ouro do mundo com operações no Brasil, a sul-africana AngloGold Ashanti teve em 2019 receita operacional líquida no país de R$ 2,08 bilhões e produção de 485 mil onças. Este ano, com os preços em franca ascensão, a empresa diz que os ganhos extras estão ajudando a cobrir custos também extras.

“A alta do preço do ouro está ajudando a recompor o caixa das empresas, que passaram a ter custos não previstos em diversas áreas por conta da pandemia, como TI, materiais de segurança e logística, além de outros impactos na produtividade causados pela necessidade da preservação da saúde das pessoas com os protocolos de distanciamento”, informou a direção da companhia por meio de nota. A empresa tem operações em Minas Gerais.

A canadense Kinross, outra grande mineradora no Brasil, cresceu com os preços da commodity e fechou o segundo trimestre com ganhos líquidos de US$ 195,7 milhões, mais do que o dobro do mesmo período de 2019. “As margens do grupo Kinross aumentaram 53% no segundo trimestre em relação ao ano anterior e continuam superando o aumento no preço médio realizado do ouro, que subiu a US$ 1.712 por onça de ouro no segundo trimestre de 2020”, diz Gilberto Azevedo, presidente da Kinross Brasil.

A mina da Kinross fica no município de Paracatu, em Minas Gerais. Paracatu e as minas de Kupol, na Rússia, e de Tasiast, na Mauriânia responderam por 63% da produção da mineradora no segundo trimestre. A produção total no período foi de 571,9 mil onças equivalentes de ouro. Azevedo prefere se guiar por visão cautelosa em relação ao cenário de preços. “A Kinross adota abordagem disciplinada quanto a este aspecto e seus planos de mina são baseados em preço de US$ 1.200 por onça de ouro.”

Outra mineradora canadense, a Great Panther, que produz ouro na mina Tucano, no Amapá, vê na alta dos preços oportunidade para aumento de exploração de seus depósitos. O diretor global de operações Fernando Cornejo diz que com a cotação que prevaleceu em 2019, de US$ 1.250 a onça, não era viável economicamente pensar em expandir a produção. No entanto, com os preços no atual patamar, esse cenário muda. “O que estamos fazendo agora é ver quanto ouro nos depósitos a mais é economicamente viável com as condições atuais de mercado e com as condições futuras.”

“Essa modificação do preço do ouro do ano passado para este ano abre uma porta de oportunidades muito grande para expandirmos a vida útil da mina”, diz Cornejo. A depender do sucesso das explorações, a mina, afirma o executivo, tem potencial para seguir operando até 2025 ou 2026.

A companhia adquiriu a mina de Tucano no passado da australiana Beadell e é o principal ativo da companhia, que prevê fechar este ano com uma produção de 120 mil a 130 mil onças.

Mesmo para empreendimentos que ainda não começaram a produzir, a alta dos preços abre novas perspectivas. É o caso da novata Amarillo, listada na bolsa de Toronto, dona de projeto em Goiás. “Nossa expectativa é começar a operar em julho de 2022”, diz Arão Portugal, executivo da companhia.

“Nosso projeto tem viabilidade com ouro a US$ 1.400 e câmbio a R$ 4,20. Com isso, o retorno do investimento seria em 2,6 anos. Se eu levar o ouro a US$ 1.600 e dólar a R$ 4,80, reduzo em quase um ano o prazo de retorno do investimento.” Ele vê cenário do ouro acima dos US$ 1.600 nos próximos anos.

Wilson Brumer, presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Mineração, reforça o ponto de vista que a alta é momento de as mineradoras reforçarem seus caixas e eliminarem gargalos. E lembra que se há um risco nessa fase de bonança é de que garimpos ilegais de ouro cresçam no país. “A atividade ilegal é o pior competidor.”

Fonte: Valor Econômico/ADIMB

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