PAÍS TEM NOVA CHANCE COM ALTA DO NÍQUEL

PAÍS TEM NOVA CHANCE COM ALTA DO NÍQUEL

A decisão do governo indonésio de suspender as exportações de minério de níquel pode ser uma oportunidade para o Brasil se destacar neste mercado. O país tem reservas de 11 milhões de toneladas do mineral, ficando atrás apenas da Indonésia e da Austrália, que segundo US Geological Survey, instituto de mineração dos Estados Unidos, chega a 21 milhões de toneladas e 19 milhões, respectivamente.

Esse grande potencial, no entanto, pode não ser aproveitado pelos investidores. Segundo a gerente de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Cinthia Rodrigues, a falta de um mapeamento geológico, que é realizado pelo governo, impede investimentos privados em pesquisas e, posteriormente, projetos minerários.

vila-rica-parceiro
vila-rica-parceiro
previous arrow
next arrow

“A janela de oportunidade não é somente em função do preço da tonelada, que hoje está atrativo, mas também pelo níquel ser um dos metais usados em baterias de veículos. E esse momento, acredito, pode ser aproveitado principalmente por novos produtores.” Entretanto, a falta de conhecimento geológico pode fazer com que o Brasil não seja um grande ator na nova configuração mundial que está sendo criada. “Sem esse conhecimento específico não há como os investidores identificarem o potencial alvo. Para mil alvos, um se tornará uma mina. E os recursos para esta fase são altos e, sem um estudo prévio, os novos produtores podem não migrar para o Brasil.”

No mercado mundial, os investidores trabalham com um patamar de preço de US$ 21 mil a tonelada para justificar investimentos minerários do zero. A boutique de investimentos A10, que tem como investidores os fundos BlackRock, Citrino e Waratah, prepara nova investida no Brasil na área de mineração. O A10, que já tem na sua carteira a Sigma Mineração que acabou de conseguir a licença de operação para explorar e produzir lítio grau bateria em Minas Gerais, está em busca de projetos maduros na área de níquel e cobalto.

“Ainda estamos em busca desses projetos maduros” disse Ana Cabral, co-fundadora do A10. Segundo ela, o país tem potencial para se tornar um dos grandes produtores mundiais de minerais grau bateria, como o níquel. A executiva acrescentou que o mercado está mudando os fundamentos da dinâmica de preços do níquel e isso pode impulsionar mais rapidamente investimentos nesse segmento. “A acreditamos que, se mantiver esse cenário de alta nas cotações, podermos ver no mercado mundial a tonelada sendo negociada a US$ 25 mil nos próximos 24 meses.”

A produção de níquel contido em 2017, de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro, chegou a 111,97 mil toneladas, sendo a Anglo American e a Vale as produtoras do mineral no país.

A Anglo American possui duas operações de ferroníquel no Brasil. A unidade de Barro Alto, no município de mesmo nome, e a Codemin, em Niquelândia, ambas no Estado de Goiás. Em 2018, foram produzidas 42,3 mil toneladas de ferroníquel pelas duas unidades, volume próximo à capacidade instalada de 44 mil toneladas por ano. Procurada, a Anglo American não quis comentar se o preço do níquel neste patamar pode antecipar estudos para aumento de produção. A Vale, no primeiro semestre deste ano, produziu 8,2 mil toneladas de níquel no Brasil, queda de 27,4% no comparativo com janeiro a junho de 2018. No mundo, a companhia produziu no período 99,8 mil toneladas.

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim, tem duas operações de níquel no país. Em nota, a CBA informou que não “mudou seu posicionamento em relação às operações do níquel diante das incertezas nos cenários macroeconômicos e mercadológicos atuais. Desta forma, as operações de Niquelândia e São Miguel Paulista (SP) permanecem suspensas temporariamente.” O grupo paralisou as unidades em 2016 em razão do preço baixo e altos custos.

Fonte: Valor/ADIMB

COMPARTILHE

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn