Partes do Brasil e da China podem ter sido vizinhas hA? 2 bilhAi??es de anos

Partes do Brasil e da China podem ter sido vizinhas hA? 2 bilhAi??es de anos
Por Marcelo Villela, abril 13th, 2018, 0:05 – LINK PERMANENTE

No meio do caminho, tinha uma grafita na China. Tinha um grafita no meio do caminho de Minas Gerais tambAi??m. Wilson Teixeira, professor do Instituto de GeociA?ncias da USP, nA?o esqueceria desse fato nunca. Na verdade, acabaria percebendo que, de alguma forma, aqueles dois lugares que hoje estA?o a 17 mil quilA?metros de distA?ncia um do outro, estiveram unidos em algum momento da vida do planeta.

Em artigo publicado no periA?dico Precambrian Research, Teixeira e outros pesquisadores brasileiros e chineses apresentaram evidA?ncias de que as regiAi??es de Jiao-Liao-Ji, no nordeste da China, e de Itapecerica, em Minas Gerais, teriam sido formadas lado a lado entre 1,9 e 1,8 bilhA?o de anos atrA?s.

vila-rica-parceiro
vila-rica-parceiro
previous arrow
next arrow

Nessa Ai??poca, as massas continentais da Terra estavam dispostas de uma forma muito diferente da atual. Em realidade, elas formavam uma A?nica e gigantesca massa, um supercontinente. HA? 1,9 bilhA?o de anos, este grande pedaAi??o de terra era chamado de ColA?mbia, uma formaAi??A?o do Ai??on proterozoico.

Ao contrA?rio da Pangeia, formaAi??A?o mais recente e conhecida pela ciA?ncia, a configuraAi??A?o do ColA?mbia ainda Ai?? um mistAi??rio. Por isso, os pesquisadores buscam por evidA?ncias em rochas antigas para descobrir como era o encaixe desse quebra-cabeAi??as de massas continentais que originou boa parte das rochas que temos hoje. Agora, o que os geA?logos estA?o propondo Ai?? que hA? 2 bilhAi??es de anos os crA?tons (placas geolA?gicas antigas) SA?o Francisco-Congo e Norte ChinA?s estavam prA?ximos no supercontinente ColA?mbia.

Entre as principais evidA?ncias do estudo, estA?o as semelhanAi??as na formaAi??A?o e na idade das jazidas de grafita do cinturA?o de Jiao-Liao-Ji, no nordeste da China, e do terreno geolA?gico do municAi??pio mineiro de Itapecerica, Minas Gerais, a cerca de 170 quilA?metros de Belo Horizonte.

ai???Esses depA?sitos de grafita tA?m uma implicaAi??A?o na histA?ria evolutiva da Terra muito importante. Eles representam momentos em que ocorreram colisAi??es entre tratos continentais, o que serviu de mote para o inAi??cio da nossa pesquisaai???, explica Teixeira, que comeAi??ou a estudar as semelhanAi??as entre os locais apA?s participar de uma expediAi??A?o ao Jiao-Liao-Ji em um congresso de geologia na China.

ai???Os terrenos estudados representam antigas cadeias de montanhas que foram arrasadas por processos geolA?gicos e erosA?o. Por isso, hoje aparecem as rochas mais profundas dessas cadeias de montanhas, os granulitos, que sA?o rochas formadas em grandes profundidades na crosta terrestreai???, afirma o professor.

Os geA?logos calcularam a idade dos granulitos atravAi??s do mAi??todo UrA?nio/Chumbo (U/Pb), capaz de datar com precisA?o o mineral de zircA?o presente em rochas antigas. Este mineral resiste Ai??s altas temperaturas e pressAi??es e, por isso, Ai?? essencial ao estudo geolA?gico, permitindo que os cientistas encontrem evidA?ncias de como as rochas se cristalizaram nas profundezas da crosta terrestre. O mAi??todo UrA?nio/Chumbo (U/Pb) Ai?? uma das formas que os geA?logos encontraram para tentar compreender a remota constituiAi??A?o geolA?gica do planeta e correlacionar rochas hoje muito distantes umas das outras.

Ainda Ai?? cedo para afirmar a configuraAi??A?o exata do supercontinente ColA?mbia, mas os pesquisadores seguem em busca de novas evidA?ncias de que os locais tenham, de fato, estado prA?ximos durante sua formaAi??A?o, hA? bilhAi??es de anos.

ai???O fato de haver essas comparaAi??Ai??es permite especular sobre modelos paleogeogrA?ficos, que sA?o modelos em que nA?s tentamos comparar blocos continentais que, no passado, teriam sido prA?ximosai???, explica Teixeira.

Ai?? procura de evidA?ncias que reforcem (ou nA?o) a teoria, geA?logos chineses visitaram o terreno de Minas Gerais em novembro de 2017 para analisar a formaAi??A?o rochosa local. Em setembro deste ano, serA? a vez dos pesquisadores brasileiros retornarem Ai?? China para realizar mais estudos.

Atualmente, uma equipe coordenada pelo geofAi??sico Manoel Dai??i??Agrella, pesquisador do Instituto de Astronomia, GeofAi??sica e CiA?ncias AtmosfAi??ricas da USP, tem estudado o registro paleomagnAi??tico das rochas, ou seja, sua ai???memA?riaai??? paramagnAi??tica, capaz de determinar em que local do campo magnAi??tico da Terra as rochas foram formadas.

Fonte: Revista Galileu

COMPARTILHE

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn