Poluição preocupa setores de mineração e química
Contaminação do solo, de mananciais e emissão de gases de efeito estufa (GEE) são as principais consequências da maior atividade industrial ao longo do tempo.
Para Antonio Leite, vice-presidente de estratégia, inovação e sustentabilidade da Rhodia, é cada vez maior o número de empresas engajadas em reduzir seus impactos ambientais, incluindo empresas centenárias, que se adaptam às necessidades do planeta.
Surgida na França, a Rhodia está no Brasil desde 1919 e é signatária e certificada no Programa de Atuação Responsável, uma iniciativa voluntária da indústria química brasileira e mundial visando a melhoria contínua de seu desempenho em saúde, segurança e meio ambiente. “Uma das nossas principais metas é a neutralidade de carbono. Temos instalado na nossa fábrica de Paulínia [SP] o maior projeto de abatimento de GEE da América do Sul, que transforma o óxido nitroso em gases inertes ao meio ambiente”, diz Leite.
A alemã Basf, no Brasil há 113 anos, se orgulha de ter iniciado estudos sobre emissão de poluentes na década de 1970, quando criou o catalisador de três vias. “O catalisador é um componente fundamental nos veículos, capaz de reduzir em mais de 90% os poluentes produzidos pelos motores a combustão, e já contribuiu para que mais de 1 bilhão de toneladas de poluentes como o monóxido de carbono [CO] e óxidos de nitrogênio [NOx] não fossem lançados na atmosfera”, diz Rodolfo Viana, gerente sênior de sustentabilidade da Basf para a América do Sul.
Desde 1984, a Basf adota práticas de restauração de florestas em suas áreas produtivas. O Programa Mata Viva nasceu no Complexo Químico de Guaratinguetá (SP) para proteger a qualidade da água, conservar o solo e criar áreas de preservação ambiental ao longo do rio Paraíba do Sul. “Precisamos repensar negócios de maneira que criem valor para o meio ambiente e para a sociedade, sem perder a rentabilidade”, afirma Viana.
Líder mundial na produção de aço e um dos maiores em mineração, o grupo ArcelorMittal teve sua primeira unidade no país em Sabará (MG) como Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, em 1921. De acordo com Jefferson De Paula, presidente da ArcelorMittal Brasil, a empresa aprimorou a sua gestão ambiental. “Priorizamos a gestão ambiental. Somos a única empresa do Brasil certificada pelo ResponsibleSteel, certificação referência em sustentabilidade.”
De Paula cita a maior planta de dessalinização de água do mar para fins industriais na Unidade de Tubarão (ES) com investimento de R$ 50 milhões, com capacidade inicial para dessalinizar 500 m³/hora de água.
“Em nossa jornada pela descarbonização, anunciamos uma joint venture com a Casa dos Ventos para a construção de um dos maiores parques eólicos do país, que está sendo instalado na Bahia, com capacidade de produção de 553,5 MW e investimento de R$ 4,2 bilhões”, diz De Paula.
A história da AngloGold Ashanti no Brasil completa, em 2024, 190 anos e teve início com a produção de ouro em Nova Lima (MG). “Temos a sustentabilidade como valor. Só em 2023, investimos R$ 31 milhões em ações relacionadas à gestão ambiental nas nossas operações no Brasil”, diz Othon Maia, vice-presidente de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos.
Segundo Maia, a AngloGold Ashanti tem o compromisso global de carbono zero até 2050. Em 2022, a meta de redução de 30% nas emissões, prevista para 2030, foi alcançada. “Parte desse trabalho é a primeira carregadeira 100% elétrica a operar em subsolo no Brasil, que começou este ano as suas atividades na Mina Cuiabá, em Sabará (MG).”
Leite, da Rhodia, acredita que a indústria, como agente poluidor, é mais cobrada do que os demais setores da economia. “Um exemplo disso, é o Projeto de Lei 182/24, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa [SBCE] e exclui os setores agropecuário e de uso da terra, responsáveis por 75% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil em 2022.”
Fonte: Valor Econômico/ADIMB