Setor mineral brasileiro fatura R$ 248,2 bilhões em 2023
Com faturamento estável, a previsão de investimentos do setor mineral aumentou, segundo levantamento do Ibram.
O setor mineral no Brasil teve um 2023 marcado por estabilidade. No último ano, o faturamento da indústria da mineração foi de R$ 248,2 bilhões, registrando redução de 0,7% em comparação com os R$ 250 bilhões alcançados em 2022.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), que associa o resultado do faturamento ao cenário internacional mais favorável, apesar da queda nos preços das commodities ao longo do ano.
Já a previsão de investimentos do setor no país aumentou. Enquanto no período 2023 a 2027 a previsão era de investir US$ 50 bilhões, para o período de 2024 a 2028 o valor deve chegar a US$ 64,5 bilhões, segundo informou o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann.
Ele associa essa expectativa positiva de investimentos ao aumento da demanda por minerais, especialmente os minerais críticos.
“O mundo está a demandar mais minerais, sobretudo minerais críticos e o Brasil tem um imenso potencial nessa área, que é decisiva e fundamental para superar a emergência climática que o mundo está vivendo. Isso é um passaporte para o futuro do Brasil. Essa ampliação tem a ver com a busca de direitos minerais e projetos relativos a minerais críticos, a questão de logística e o sócio ambiental”, afirmou Jungmann.
Com foco em sustentabilidade, a indústria da mineração pretende elevar em 62,7% os investimentos em projetos socioambientais até 2028. Eles representam a segunda maior parcela dos investimentos setoriais previstos até essa data: 16,6% ou US$ 10,7 bilhões, ante os US$ 6,6 bilhões projetados para 2023-2027.
Os investimentos em projetos de minério de ferro devem receber os maiores aportes, com cerca de US$ 17 bilhões até 2028 (26,8% do total de investimentos do setor). Haverá também aportes para minerais críticos para a transição energética.
Com 9 mil vagas a mais em 2023, o setor mineral manteve mais de 210 mil empregos diretos, dado apurado em novembro do último ano junto ao Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. Em janeiro do ano passado, o número de empregos diretos superava 201 mil vagas.
Resultados do setor mineral foram divulgados pelo Ibram em coletiva nesta quarta-feira (31) | Crédito: Reprodução/Ibram
Exportações
O levantamento do Ibram mostra que, em 2023, as exportações minerais tiveram alta de 3,1% em relação a 2022, alcançando quase US$ 43 bilhões, enquanto as importações minerais tiveram queda de 34,2% (US$ 11 bilhões).
O saldo comercial do setor foi de US$ 31,95 bilhões, 28,3% a mais do que em 2022 – isso significa que o saldo mineral corresponde a 32% do saldo total da balança comercial de 2023.
O minério de ferro respondeu por 71% dos minérios exportados em 2023, passando de 344,1 milhões de toneladas em 2022 para 378,5 milhões de toneladas em 2023, um aumento de 10%. As exportações do minério de ferro somaram US$ 30,5 bilhões em 2023, registrando um aumento de 5,7% frente aos US$ 28,9 bilhões de 2022.
Carga tributária preocupa o setor
A carga tributária foi apontada como um dos principais riscos para o crescimento do setor mineral. Com a criação de taxas incidentes sobre a atividade mineral por alguns estados e municípios e a votação da reforma tributária, a indústria da mineração tem a expectativa de uma forte elevação de sua carga tributária no Brasil.
O país já cobra a maior carga tributária para diversos minérios, na comparação com países concorrentes neste setor. Estudos da consultoria internacional EY (Ernst&Young) comprovam esta afirmativa.
O Brasil, por exemplo, é o que mais tributa a bauxita, o cobre, o ferro, o chumbo, o manganês, o fosfato, a magnesita, o nióbio, o ouro, o níquel, o potássio e o zinco.
Para o diretor-presidente do Ibram, apesar dos resultados e perspectivas de investimentos positivos, a reforma tributária e o imposto seletivo representam uma amarga realidade para o setor.
“Na verdade é para reduzir o consumo de minerais e minerais críticos. Em um momento que o mundo, fruto da guerra entre Rússia e Ucrânia e conflitos que estão acontecendo no Oriente Médio, com tudo isso, os países no mundo afora procurando cadeias de suprimentos que sejam seguras, que sejam democracias, que tenham capacidade, estrutura e logística. O Brasil tem tudo que o mundo precisa em termos de alimentos, proteínas, energias e minerais. Não há sentido taxar”, diz Jungmann.
Fonte: Mineração & Sustentabilidade