Cartografia revela minerais estratégicos no CE
O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) disponibiliza a primeira cartografia geológica, na escala 1:100.000, de mais de 36 mil km² na região sul do Ceará. O mapeamento constatou recursos minerais como magnesita, gipsita, calcário, barita, caulim, celestita, quartzo, gemas, mármore, talco, amianto, scheelita, cromita, galena, grafita, ouro, ferro e manganês. Ao todo foram 17 ocorrências de cobre, duas ocorrências de ouro e 78 ocorrências de mármore. Muitos dos minerais encontrados são considerados estratégicos pois atendem à demanda da indústria 4.0. “Regiões contendo rochas pré-cambrianas têm uma diversidade geológica que normalmente hospeda bens minerais, principalmente metálicos, como é o caso dos ambientes geológicos existentes nas províncias minerais de Carajás e do Quadrilátero Ferrífero”, explicou a pesquisadora em geociências Iris Pereira Gomes.
O estudo no Ceará permite também individualizar diversas unidades litoestratigráficas fanerozoicas, proterozoicas e arqueanas, que possibilitaram mudanças significativas na compreensão da geologia na região. Os resultados da pesquisa visam fomentar, no futuro, estudos detalhados e, de repente, abrigar um novo projeto de produção mineral na região. “Só uma pesquisa geológica mais detalhada, enfocando as substâncias minerais potenciais desta sequência, pode sugerir a possibilidade de um futuro empreendimento”, pontua Iris.
Estima-se que, em média, investigações geológicas mais complexas demorem cerca de dez anos para serem concluídas, desde as etapas iniciais até o empreendimento ser considerado viável economicamente e cumprir todas as exigências ambientais necessárias para se viabilizar como uma alternativa concreta de desenvolvimento sustentável. Inserido em uma das novas fronteiras da pesquisa mineral do Brasil, parte do estado do Ceará está geologicamente ligado à Província da Borborema, onde atualmente há várias pesquisas focando bens metálicos, substâncias como ferro, vanádio, titânio, ouro, platinoide (paládio e platina), níquel, cobre, cobalto e cromo. Destaca-se atualmente a implantação do empreendimento da mina de Itataia para exploração de urânio e fosfato, que está em fase de liberação ambiental.
O nome do projeto refere-se à abrangência territorial, que percorre do oeste (Bacia do Cococi) até o lado leste do Ceará, região do município de Granjeiro e adjacências. Nessa área, foram mapeados os municípios de Parambu, Tauá, Arneiroz, Catarina, Aiuaba, Antonina do Norte, Saboeiro, Campos Sales, Salitre, Potengi, Araripe, Santana do Cariri, Nova Olinda, Altaneira, Cariús, Acopiara, Quixelô, Iguatu, Orós, Icó, Jucás, Cedro, Umari, Lavras de Mangabeira, Várzea Alegre, Farias Brito, Baixio, Ipaumirim e Aurora. A pesquisa se estende aos municípios de Cajazeiras, na Paraíba, e Pio IX, no Piauí.
O diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB-CPRM, Marcio Remédio, diz que através deste projeto a empresa dá continuidade à política governamental de atualizar o conhecimento geológico do país, através dos levantamentos geológicos básicos, geoquímicos e geofísicos, e da avaliação integrada das informações, fundamental para o desenvolvimento regional e importante subsídio à formulação de políticas públicas e de apoio à tomada de decisão de investimentos. “Com a disponibilização destes produtos, espera-se contribuir para o desenvolvimento do conhecimento geológico do território brasileiro, atrair investimentos e fomentar a implantação de novos empreendimentos mineiros na região, promovendo a geração de empregos e o desenvolvimento regional do Ceará”, afirma.
Os novos dados e informações disponibilizadas pelo SGB-CPRM para incentivar a pesquisa mineral no estado do Ceará, obtidos no Projeto “Mapeamento Geológico e Integração Geológica-Geofísica-Geoquímica na Região de Granjeiro-Cococi, Ceará”, vinculado ao Programa Geologia, Mineração e Transformação Mineral, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, estão disponíveis gratuitamente no portal do SGB-CPRM. Os interessados podem acessar o Repositório Institucional de Geociências (Rigeo) https://rigeo.cprm.gov.br/handle/doc/18691, além de um conjunto expressivo de bases de dados de afloramentos, recursos minerais e geoquímica, disponíveis no GeoSGB (https://geosgb.cprm.gov.br/)
Fonte: Brasil Mineral