IGNORÂNCIA A RESPEITO DA MINERAÇÃO OFUSCA SUA
IMPORTÂNCIA
O desconhecimento do setor mineral e de suas atuações pode resultar em medo inconsciente
na população e não execução de forma adequada do planejamento da mina
Hoje, o Estado de São Paulo é o maior consumidor de agregados minerais, ou seja: areia, brito
e cascalho, do hemisfério Sul, além de ser o quarto maior produtor. O modo como essa informação pode
soar surpreendente para uma imensa quantidade de pessoas sugere o quanto há desinformação a respeito
da mineração realizada em solo paulista.
O engenheiro de minas e pesquisador do Departamento de Engenharia de Minas e Petróleo da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Carlos Henrique Xavier Araújo, afirma que há
pouca compreensão do público geral a respeito da mineração e de sua importância, e que acaba por
causar afastamento ou um sentimento de medo, mesmo a extração sendo necessária para diversos fins no
dia a dia. “Tem gente que condena a mineração, mas ela é necessária para tudo: vocês escova seus dentes:
a pasta tem flúor, tem potássio; na ração dos cachorros tem o calcário; paras plantações precisa de
calcário, de brita, argila; produtos cosméticos”, lista o engenheiro.
Esse desconhecimento não é exclusivo da população com menos instrução, e se estende para
governantes e até grandes empresas. A importância de um engenheiro de minas muitas vezes é
desvalorizada e suas instruções são ignoradas e não seguidas até o fim como ele determina após o estudo
feito em cima de determinada obra. “Falta orientação aos mineradores quanto às melhores práticas de
lavra, beneficiamento e o uso de novas tecnologias limpas na mineração. Além disso, é preciso ter
planejamento de lavra desde a prospecção mineral até o fechamento de mina”, afirma Carlos Henrique.
Seguir esses passos é crucial para o desenvolvimento da mina de forma segura, além de oferecer uma
utilidade para a região após a finalização das extrações com o fechamento da mina.
Impactos na sociedade e no meio ambiente
Exemplo, do desalinhamento entre os PDUIs (Planos de Desenvolvimento Urbano Integrado)
com o setor mineral, a cidade de São José dos Campos, uma das regiões que mais consome areia no estado
de São Paulo, está proibida de praticar a mineração. Embora haja a presença de representantes da
mineração nas reuniões, há uma aparente falta de participação desses membros na tomada de decisões —
exigindo assim uma melhoria na relação com a governança para promover uma mineração mais
sustentável.
Carlos Henrique conta que hoje a Secretaria de Energia e Mineração faz um trabalho muito
forte de disseminar informação a respeito da finalidade dos resíduos de construção e demolição (RCDs),
como a construção de barreiras, tijolos eco sustentáveis ou moradia urbana, iniciativas do NAPMineração/USP
(Núcleo de Pesquisa para a Mineração Responsável) em que o pesquisador participa. E
assim, busca conscientizar o minerador e mostrar a importância que pode desempenhar em uma região
através da utilização do antes não utilizável. “Nós pregamos que a mineração tem um importante viés
social e pode servir como catalisador do desenvolvimento sustentável regional”, reitera o pesquisador.
Fonte: Agência Universitária de Notícias – USP
Autor: Giovanni Marcel
Data: 05/12/2018